São Paulo
– Indicado pelo seu partido para presidir a Comissão de Direitos
Humanos da Câmara, o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) não conseguiu ter
o nome ratificado no cargo nesta quarta-feira (6). A sessão convocada
para eleger o presidente da comissão foi adiada para amanhã.
Em clima tenso, provocado, sobretudo
pela manutenção da indicação de Feliciano pelo PSC para o comando do
colegiado, os deputados decidiram interromper a reunião para analisar se
é viável manter a candidatura do pastor.
Alvo de polêmica por declarações
consideradas homofóbicas e racistas, Feliciano, que é pastor evangélico,
foi oficialmente indicado na terça-feira pelo PSC para assumir a
presidência da comissão.
Numa manobra orquestrada pela bancada
evangélica, os deputados do PSC conseguiram forçar a indicação, ainda
que, dentro da própria sigla, houvesse resistência ao seu nome.
Candidato único, Feliciano precisaria de
ao menos 10 votos, de um total de 18 deputados do colegiado, para ter
sua indicação oficializada. O presidente da comissão, deputado Domingos
Dutra (PT-MA), não conseguiu sequer iniciar a votação. Uma série de
questões de ordem propostas sobretudo pelas bancadas do PSOL e do PT
questionaram a qualificação do candidato para o cargo.
A deputada Érika Kokay (PT-DF)
questionou, com base no regimento da Câmara, a “afinidade” do deputado
com os temas tratados na comissão. “Não são desconhecidas as posições e
as posturas do pastor. Ele afirmou que Aids é câncer gay, que os
africanos foram amaldiçoados. A candidatura apresenta pelo PSC fere o
regimento interno”, disse a deputada.
Dutra encaminhará até a noite desta
quarta-feira, ofício à Presidência da Câmara para que haja, em reunião
de líderes, definição sobre o que deverá ser feito até a eleição. Não há
consenso entre os partidos se o PSC deverá indicar outro nome ou se o
colegiado aceitará candidaturas avulsas, de outros partidos.
“Vou procurar o presidente da Casa e
o líder do PT para colocar a questão. Não tenho condições de fazer a
eleição com a comissão nesta situação”, disse Dutra.
Segundo o líder da sigla, André Moura
(SE), “a candidatura está mantida”. A questão, no entanto, não está
consolidada. Indicada à vice-presidência da comissão, a deputada Antônia
Lúcia (PSC-AC) se disse “humilhada” ao ter defendido sua própria
candidatura tanto na última terça-feira quanto na sessão desta quarta. “A bancada quis insistir, e eu acho que é machismo!”
A sessão também foi marcada pela
presença de ativistas e militantes favoráveis à causa homossexual.
Manifestantes gritaram palavras de ordem e interromperam várias vezes a
reunião. Ao final, encerrada a sessão, gritaram: “Até o papa renunciou, Feliciano, sua batata já assou”.
Em seu Twitter, a assessoria de Feliciano afirmou que ele saiu da sessão com “lágrimas nos olhos”, escoltado por seguranças e quase agredido.
Em 2011, Feliciano declarou que os “africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé”. Depois, disse que foi mal compreendido: “Minha família tem matriz africana, não sou racista”.
O pastor diz que não é homofóbico, mas afirma ser contra o ato sexual entre pessoas do mesmo sexo.
Da Folha de São Paulo
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