Mariana Oliveira/G1
BRASÍLIA - O Supremo Tribunal
Federal (STF) vai analisar uma decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MA)
do Maranhão, de agosto deste ano, que liberou um candidato condenado em 2008 por
compra de votos para concorrer nas eleições municipais deste ano.
A Lei da Ficha Limpa, que entrou em
vigor em junho de 2010, determina que são inelegíveis os condenados em decisão
colegiada transitada em julgado (sem possibilidade de recursos). Em análise de
um recurso em fevereiro deste ano, o Supremo decidiu, por maioria, que a lei
deve ser aplicada nas eleições municipais de 2012 e que vale para renúncias,
condenações e outros fatos que tenham acontecido antes de a ficha limpa entrar
em vigor.
Uma reclamação contra a decisão do
TRE do Maranhão foi protocolada nesta quinta-feira (30) e distribuída ao
gabinete do ministro Ricardo Lewandowski, que será o relator. Há um pedido para
suspensão cautelar (provisória) da decisão do TRE, mas não há prazo para o
ministro decidir.
O pedido foi feito por adversários
do candidato à Prefeitura de Bom Jardim (MA) Beto Rocha (PMN), que teve a
candidatura liberada pela Justiça Eleitoral. De acordo com a reclamação
protocolada, a primeira instância indeferiu o registro, mas o político
recorrereu ao TRE. O Ministério Público Eleitoral do Maranhão chegou a opinar
pela impugnação, mas o TRE liberou sob o argumento de que a condenação foi
anterior à Lei da Ficha Limpa.
O candidato Beto Rocha afirmou ao
G1 afirmou que sua condenação por compra de votos foi uma "armação" de
adversários. "Foi uma jogada política, nunca fui prefeito e nem nunca assumi
cargo público. Fizeram uma armação, rasgaram a Constituição." Ele disse ainda
que está "confiante" no fato de que o Supremo manterá seu registro de
candidatura.
Os autores do pedido dizem haver
"necessidade de pronta intervenção" do Supremo para garantir a "eficácia" da
legislação. "Do contrário, um candidato flagrantemente inelegível poderá
praticar todos os atos de campanha, ostentando perante o povo a situação de
candidato deferido", afirmam os advogados que assinam o pedido.
"As Eleições 2012 serão as primeiras
eleições convocadas em todo o território nacional em que se terá a plena
eficácia da Lei da Ficha Limpa. Não se pode admitir que apenas no estado do
Maranhão a lei não tenha eficácia", diz o texto.
Os advogados pedem, além da cautelar
para suspender os efeitos da decisão do TRE do Maranhão, a atualização no
sistema de candidaturas do TSE de que a candidatura está indeferida com
recurso.
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