O melhor está por vir', disse presidente em discurso em Chicago.
Democrata bateu Romney no colégio eleitoral e terá mais 4 anos no poder.
O presidente dos EUA, Barack Obama, reeleito após vencer o republicano
Mitt Romney na eleição da véspera, disse nesta quarta-feira (7) que,
para os Estados Unidos, "o melhor ainda está por vir" e que ele volta à
Casa Branca "mais determinado e inspirado" para o segundo mandato.
Obama, que ganhou mais quatro anos para continuar implantando seu
programa de mudanças, teve dificuldades para iniciar seu discurso. A
plateia gritava para o presidente: "Mais quatro anos! Mais quatro anos".
Obama disse que parabenizou o candidato republicano, Mitt Romney, e seu candidato a vice, Paul Ryan, pela campanha.
O democrata, falando a uma multidão, fez uma declaração de amor à
primeira-dama, Michelle, e às filhas, Sasha e Malia, citou o "primeiro
cachorro", Bo, e também agradeceu a sua equipe de campanha.
Obama afirmou que nunca teve tantas esperanças sobre o futuro do país.
"Apesar de todas as nossas diferenças, muitos compartilham esperanças para o futuro dos Estados Unidos", disse.
O presidente celebrou o processo democrático no país e disse que quer
"trabalhar com líderes dos dois partidos", pois há muito trabalho a
fazer.
Ele citou a necessidade de reduzir o déficit, reformar o código
tributário, aprovar a reforma da imigração e diminuir a dependência do
país do petróleo estrangeiro.
O presidente reeleito também disse que quer conversar com o derrotado
Romney. "Podemos trabalhar juntos para levar o país adiante", disse.
O presidente reeleito dos EUA, Barack Obama, discursa nesta quarta-feira (7) em Chicago (Foto: AP)
Reeleito
Obama habia conseguido, até a última atualização desta reportagem, 303
votos de um total de 538, contra 206 do rival, segundo projeção da AP.
Eram necessários 270 votos para garantir a vitória.
No voto popular, Obama tinha 56.129.652, contra 54.674.214 do rival até o momento.
A festa da vitória acontece no McCormick Place, em Chicago, base política de Obama e cidade onde ele acompanhou a apuração.
"Isto aconteceu graças a vocês, obrigado. Mais quatro anos", disse
Obama - um pioneiro em utilizar politicamente as redes sociais - no Twitter, logo após ter a certeza da vitória.
Quase duas horas depois, Romney, em discurso em Boston, admitiu a derrota e desejou boa sorte ao rival.
As pesquisas de intenção de voto realizadas dias antes da eleição
apontavam um empate técnico entre os dois candidatos em âmbito nacional,
no voto popular, mas com ligeira vantagem para o presidente nos
chamados estados-chaves.
No complexo sistema eleitoral americano, é o resultado em cada estado é que importa.
Ao votar em um candidato, a população na verdade escolhe um colégio
eleitoral dentro de seu estado, composto por delegados, que só então
elegerá o presidente. Por isso, muitas vezes, o candidato preferido na
soma total dos votos acaba não sendo o eleito.
Antes da eleição, os estados de Nevada (6 delegados), Colorado (9
delegados), Iowa (9 delegados), Wisconsin (10), Ohio (18), Pensilvânia
(20), Michigan (16), Virgínia (13), Carolina do Norte (15), New
Hampshire (4) e Flórida (29) eram considerados tecnicamente empatados, e
oficialmente poderiam ser ganhos por qualquer um dos candidatos.
A vitória em Ohio acabou sendo crucial para determinar a vitória de Obama, após um tenso processo de apuração.
Incentivar o voto foi um movimento intensivo dessas eleições, já que a
escolha do presidente não é obrigatória nos Estados Unidos. Em suas
campanhas, os dois candidatos movimentaram mais de US$ 2 bilhões, e boa parte de seus gastos foram em propaganda.
Obama passou o dia em Chicago e não precisou ir a um local de votação – ele já havia depositado seu voto 12 dias antes,
em 25 de outubro, na mesma cidade. O gesto – o primeiro de um
mandatário dos EUA na história – foi um modo de incentivar o voto
antecipado pelos eleitores. Segundo estimativas de institutos de
pesquisa, cerca de 31 milhões de americanos votaram antes desta terça.
Avanços
Obama apostou nos avanços conseguidos em seu governo para garantir um
segundo mandato. "Nós sabemos que a mudança não viria de maneira rápida
ou fácil. Nunca vem", disse ele em 2011 ao confirmar ser candidato à
reeleição.
Os slogans sobre "esperança" e "mudança", usados quando o candidato se
apresentou como um líder visionário para mudar o destino dos Estados
Unidos, sumiram.
Sob o lema "América avança", no entanto, a atual campanha de Obama
buscou ecoar o mesmo entusiasmo do pleito anterior, afirmando que o país
"precisa proteger o progresso conquistado".
Mas o cenário atual é bem diferente. Apesar de muitos problemas do país
terem começado antes de sua presidência, Obama tornou-se face da lenta
recuperação econômica da nação. Durante a campanha, um raio de esperança
surgiu em forma de número: o desemprego caiu para menos de 8%, o menor
índice desde janeiro de 2009.
Nos quase quatro anos de governo, Obama não conseguiu cumprir grandes
promessas da campanha anterior, como o fechamento da polêmica prisão de
Guantánamo, em Cuba, onde estão suspeitos de terrorismo. A reforma no
sistema de saúde americano ainda gera divisões.
O presidente também é questionado por republicanos descontentes com o
posicionamento dos Estados Unidos diante da crise na Líbia – onde quatro
funcionários de um consulado americano foram mortos em ataque
terrorista – e nos países do Oriente Médio.
Em contrapartida, Obama tentou colocar em prática sua luta por
mudanças: além da reforma do sistema de saúde, promoveu mudanças nas
regras para o sistema financeiro, ordenou o fim da restrição que
obrigava homossexuais a esconder sua orientação sexual nas Forças
Armadas, estimulou o relaxamento de leis para jovens imigrantes ilegais,
anunciou a retirada de tropas do Iraque e ordenou a ação que resultou
na morte do líder da rede terrorista da Al-Qaeda, Osama bin Laden.
Congresso dividido
Apesar da reeleição, Obama deve continuar enfrentando problemas para
aprovar suas medidas no Congresso, que manteve sua divisão: Câmara controlada pelos republicanos, e Senado, pelos democratas.
Isso dificulta o trabalho do presidente – ele precisa usar sua base nas
casas para que elas proponham e aprovem as leis e reformas de seu
interesse.
Na eleição de 2008, os democratas também ganharam a maioria no Senado e
na Câmara de Representantes. Nas eleições legislativas de 2010,
entretanto, os republicanos recuperaram a maioria entre os deputados –
atualmente, são 241 republicanos e 194 democratas.
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