Mineração transforma 'faroeste' em cidade verde
Antes símbolo do desmatamento, Paragominas vira referência ambiental
Município erradica o analfabetismo adulto e usa royalties para criar a nova atividade que substituirá a mineração
DO ENVIADO A PARAGOMINAS (PA)
Nada
se parece com aquele passado obscuro e violento. As calçadas de pedra,
a ponte de madeira, as imensas rochas de bauxita postas às margens do
belo lago artificial, a infância que brinca ao invés de trabalhar.
O parque linear, que será entregue à população neste mês, deve se transformar num símbolo da mudança que essa cidade paraense, de 100 mil habitantes, vive.
Paragominas já foi a capital do
desmatamento. Vista como um "faroeste", a cidade de 47 anos, que surgiu
às margens da rodovia Belém-Brasília, converteu-se em "município verde"
-um exemplo que virou modelo replicado pelo Estado do Pará.
Vencedora do 9º Prêmio Chico Mendes, para iniciativas ambientais, Paragominas viveu o inferno.
Ali
mesmo, às margens da Belém-Brasília, ponto de parada de caminhoneiros,
havia de tudo. De prostituição a pistolagem, de trabalho infantil a
mendicância.
IPTU E EDUCAÇÃO
A cidade zerou o analfabetismo de adultos ao conceder desconto de 50% do IPTU para quem fosse estudar.
O
desmatamento cessou. Quarenta serrarias engoliam 300 quilômetros
quadrados de floresta por ano. Hoje, menos de 1,5 quilômetro quadrado é
desmatado. Paragominas deixou a lista de desmatadores do governo
federal.
A criançada agora se ocupa em projetos sociais,
bancados com recursos públicos e da mineração de bauxita. A Hydro já
gastou R$ 85 milhões em escolas, em hospitais e no saneamento.
O dinheiro dos royalties rende à cidade cerca de R$ 900 mil por mês.
"Esse
dinheiro não entra no custeio da prefeitura. É para investimento. Uma
lei determina também que em cinco anos parte do recurso comece a ser
gasta no desenvolvimento de outras atividades econômicas que
substituirão a mineração", afirma o prefeito de Paragominas, Adnam
Demarchki (PSDB).
A exploração ilegal da madeira é passado.
Crescem o reflorestamento e a produção de grãos e indústrias, como a
fábrica de ração e um frigorífico de pequenos animais.
"A cidade de Paragominas é um caso raro de gestão pública no Brasil", diz Geraldo Brittes, diretor da Hydro. (AB)
Fonte: Folha de São Paulo.
Domingo, 6 de maio de 2012.
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